EXPOSIÇÕES




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... da essência humana
Castelo de Lamego, de 18 de agosto a 31 de setembro de 2018



Arte contemporânea e história, futuro (presente?) e passado: assim se poderão designar as
duas facetas em confronto quando nos deparamos com a exposição de Ângelo Ribeiro no
Castelo de Lamego.
Mas, será mesmo um confronto? Será antes um diálogo? Haverá algo de simbiótico? É o que
nos propomos analisar.
No recinto exterior (Praça de Armas) deparamos com grandes esculturas metálicas... e embora
haja um apelo de familiaridade que nos faz aproximar (reconhecemos tratarem-se de
representações de figuras humanas) há também algo inquietante que nos sugere prudência:
desde logo o tamanho; são peças com cerca de 3 metros de altura, ou seja, a representação é
maior do que o representado. Mas não há uma figuração literal e exaustiva: nuns casos, temos
apenas o contorno da forma humana, noutros casos apresenta-se a silhueta. Sendo silhuetas e
contornos afinal simplificações, não estamos perante esculturas de homenagem ou memória,
como é habitual ver junto a monumentos históricos. Não podemos afirmar que celebrem os
feitos do Rei A ou as acções do Bispo B. Então, que leitura adicional nos está reservada?
Uma observação mais atenta permite-nos verificar que os contornos e as silhuetas são
diferentes e se não nos permitem diferenciar caras permitem sim experienciar emoções.
Num caso o contorno apresenta-nos um ser humano a caminhar e sentimos que o faz com
certeza e autoconfiança; noutra obra vemos um humano com os braços abertos que nos
sugere uma atitude de liderança ou comunicação de massas... mas, se a figura for uma criança,
a mesma postura poderia corresponder a uma brincadeira... ou a um anseio de voar.
As silhuetas, por sua vez, podem sugerir personagens mais tímidas ou até oprimidas.
Mas, complementando os contornos e silhuetas, tem cada escultura um elemento adicional
que ainda mais as diferencia... este elemento circunda ou envolve a estrutura base, como uma
roupagem, ou uma camisa-de-forças ou mesmo uma aura (não um halo).
Agora, a carga emocional é ainda mais explícita e multiplicam-se as possibilidades
interpretativas. Os títulos das obras sugerem uma forma de análise, mas cada um vai
encontrar/reconhecer ainda mais características humanas e de interacção do humano com o
que o rodeia...
Há finalmente algo que se sente e vê neste espaço tão plano e liso: as linhas de força verticais!
Na ausência de árvores, são as esculturas que acentuam essa força em sintonia com a linha
vertical mestra: a Torre de Menagem.
É na torre que a exposição continua: no piso térreo uma única peça se nos apresenta. Uma
estrutura circular com cerca de 2 metros de diâmetro paira no ar... ameaçadoramente, porque
ocupa grande parte do espaço disponível, obrigando-nos a contorná-la, e porque todo o
círculo é armado de farpas metálicas apontadas para fora! A geometria impõe-se: o círculo
obriga-nos a tomar consciência da forma da torre – o quadrado – porque a nossa segurança só
é encontrada numa estreita faixa entre essas duas formas essenciais. Se nos mantivermos na
temática da representação humana, o círculo... forma simbólica do âmago, início, nascimento
aparece aqui metamorfoseado em instrumento de tortura e morte.

Depois tomamos consciência da altura da torre, temos que dar o nosso contributo físico para
continuar a seguir a exposição... subimos escadas – 1o andar – subimos escadas - 2o andar –
subimos escadas...
No topo da torre, a essência da essência humana: a cabeça/cara/máscara. Aqui, temos
pequenas esculturas, diferentes expressões de leitura imediata... já a nível dos materiais a
leitura pode não ser tão evidente.
E reflectindo sobre os materiais, podemos voltar às perguntas que formulamos no começo: há
confronto? diálogo?... simbiose?
Entre o metal da arte e a pedra da história há certamente diálogo (agora) como houve
confronto (anteriormente); no piso térreo da torre há confronto, no recinto exterior há
diálogo. Na temática escolhida da figuração humana – ainda que estilizada ou metafórica – só
pode haver diálogo dado ser a temática mais antiga e recorrente da história da arte (e
portanto da História).
E simbiose? Sabemos que sim e acontece quase como prémio para quem for mesmo até ao 3o
piso da torre... depois de recuperar o fôlego, quem procurar entre as várias peças exibidas vai
atingir o prometido momento de simbiose, mas não o podemos revelar aqui...

Jorge Cardoso
Agosto 2018






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Ego hic est hommo é a exposição de escultura que o artista Ângelo Ribeiro apresenta no Centro
de Artes do Espetáculo de Sever do Vouga, entre os dias 6 de janeiro e 6 de fevereiro de 2017.
 
Esta exposição apresenta peças recentes, de pequeno/médio formato, essencialmente
construídas em metal.
 
A interrogação ao posicionamento do indivíduo na sociedade imagética onde está inserido é o
motivo.
A substância é o corpo, às vezes ausente.
As obras refletem o resultado das intepelações ao ego.

 







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GRITOS DE SILÊNCIO

Galeria VANTAG
Rua Miguel Bombarda, 578_4050-379 Porto

de 17 de março a 2 de maio de 2016


No próximo dia 19 de Março, às 15h, inaugura no espaço grande da galeria VANTAG, na rua Miguel Bombarda, 578 - Porto, a exposição "Gritos de Silêncio" de ÂNGELO RIBEIRO. 
Os curadores convidados pela galeria selecionaram 30 trabalhos, entre desenhos, cerâmica e escultura que reflectem a mais recente fase de trabalho do artista. No entanto as obras provêem de 2 séries diferentes: "gritos" e "stairs"; cada curador aceitou este jogo dicotómico: de um lado o enunciado do problema… do outro o esboço da solução. Ao visitante o desafio de escolher o melhor caminho! 
Durante a inauguração decorrerão miniconcertos de marimba pelo Grupo de Percussão da Universidade de Aveiro.




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MATÉRIAS

Galeria de Artes Solar St.º António
2011

Com um trajecto intimista, que se desenvolve desde a década de 90, 3 escultores da área do Porto encontraram no diálogo com a matéria o fundamento da sua expressão artística. Ângelo Ribeiro, João Macedo e Moisés Tomé proclamam através da transformação do aço, do bronze e da pedra, entre outros, o seu processo mimético.

À tradição de apresentação nos “não lugares” surge agora a experimentação da ocupação do “lugar” enquanto espaço autêntico do objecto de arte. Tradicionalmente adaptados a escalas urbanas, as obras presentes nesta exposição privilegiam um diálogo mais individual com o espectador.

O Homem Suave é o título da fase recente de criação que encontramos em Ângelo Ribeiro. Na era do tudo é light, importa questionar o caminho transformista do Homem enquanto espécie exibicionista e individualista. Aço, bronze e cera exploram propostas formais que relacionam o homem no seu meio.

Com João Macedo, “O início era a natureza, depois veio o Homem”. Na natureza, as Árvores também têm cabeça, tronco e membros; A sua representação escultórica é uma respeitosa homenagem a uma das bases da nossa existência. Do artifício técnico da escultura, os vários materiais utilizados (cobre, ferro, inox e pedra) pretendem recriar a natureza vegetal, dar-lhe outras formas e harmonia com os quais nos identificamos e ganhamos cada vez mais uma consciência ecológica.

Em Moisés Tomé vemos um escultor sempre em busca de novas, ou velhas, formas de abordar as diferentes matérias. Apresenta um trabalho apoiado nas antigas técnicas de fundição por cera perdida, no estudo das quais tem focado o seu interesse. Uma ligação ao passado para melhor compreender as fragilidades da nossa existência que despreza por completo o nosso habitat natural.